Músicos de estúdio explicados: quem são eles e como se tornar um?

Um músico de estúdio, também conhecido como músico de sessão, é um artista profissional contratado, muitas vezes como freelancer ou funcionário, para trabalhar em projetos para outros artistas, bandas ou produtores. Originalmente, o termo "músico de sessão" referia-se a artistas contratados para dar suporte a outro artista durante uma sessão de gravação.

Hoje em dia, porém, o escopo da função não é tão simples. Músicos de estúdio são contratados tanto para gravações em estúdio quanto para apresentações ao vivo, aparecendo na TV, em anúncios publicitários ou em trilhas sonoras de filmes. Eles também podem atuar como "músicos de apoio" (fornecendo acompanhamento musical em peças, musicais ou óperas), tocar com bandas locais ou apresentações especiais em clubes, bares e baladas, ou gravar/criar samples ou backing tracks para terceiros.

Na verdade, existe uma grande variedade de tipos de músicos de estúdio, geralmente com base em seu instrumento principal, habilidades musicais ou função em gravações ou apresentações. Os tipos mais comuns de músicos de estúdio são:

• Instrumentistas: Esses músicos são contratados para tocar um instrumento musical específico durante sessões de gravação ou apresentações ao vivo; por exemplo, bateristas, guitarristas, pianistas, etc.

• Vocalistas: Eles são trazidos para um projeto para trazer backing vocals ou performances vocais especiais; por exemplo, backing vocals, vocalistas de demonstração, vocalistas principais de sessão ou vozes de personagens.

• Programadores/músicos eletrônicos: Esse tipo de músico de estúdio está se tornando mais comum nos estúdios e ambientes atuais. Esses artistas, de certa forma, substituem o papel de um especialista digital, concentrando-se em programação MIDI, criação de samples/loops, design de sintetizadores, baterias eletrônicas ou criação de batidas.

• Músicos/bandas de orquestra: Esta categoria é normalmente usada para produções de TV, cinema ou música clássica. Novamente, ela pode ser organizada com base no foco instrumental de cada músico; por exemplo, violinistas de estúdio, contrabaixistas, trompetistas, etc.

• Músicos de sessão remota: Geralmente, são artistas que trabalham remotamente em estúdios caseiros e entregam stems e gravações online. Eles costumam oferecer seus serviços por meio de plataformas como Fiverr, SoundBetter ou AirGigs.

• Tocador de música ao vivo (ou uma banda): Esta categoria inclui músicos ou conjuntos de músicos que apoiam artistas durante apresentações ao vivo, seja em concertos individuais ou turnês inteiras.

Como já mencionado, uma característica marcante de todos os músicos de estúdio é que eles não são membros permanentes de uma banda ou da equipe de um artista. Normalmente, sua função não envolve muito trabalho criativo ou engajamento. Raramente são solicitados a realizar alguma contribuição criativa, como ajudar a escrever letras, compor melodias ou desenvolver as ideias originais do artista.

Em vez disso, eles entram em um projeto como músicos de apoio — instrumentistas ou vocalistas — para apoiar o artista principal na concretização de sua visão artística. Eles contribuem com seus talentos musicais, além de adaptabilidade, flexibilidade, versatilidade e, principalmente, proficiência em tocar múltiplos instrumentos ou realizar performances vocais em diversos gêneros e estilos.

Sua capacidade de interpretar direções musicais, adaptar-se às visões dos outros e entender e executar rapidamente conceitos musicais os torna ideais para colaborações em produções musicais de alta qualidade.

Para aqueles que veem a música como uma forma de autoexpressão criativa, a falta de criatividade pode fazer com que a função pareça profundamente insatisfatória. No entanto, isso muitas vezes está longe de ser verdade para muitos músicos de estúdio.

“Quando você está buscando seus próprios empreendimentos artísticos, é incrivelmente exaustivo. E exige uma autoconsciência objetiva, onde você se vê e vê as coisas que faz como um produto, e isso exige muito de você. Não tem o mesmo consumo de energia que quando você está trabalhando em suas próprias coisas," disse Samuel Organ, um multi-instrumentista e músico de estúdio, no artigo de James Cartwright.

O que ele quer dizer é que ser músico de estúdio dá acesso e oportunidades para trabalhar com música sem o estresse, a pressão e o ego de ter que provar seu valor criativo. Para indivíduos mais introvertidos, que não gostam tanto de apresentações ao vivo e de ganhar notoriedade, também oferece a chance de tocar e apreciar música sem precisar se apresentar para grandes plateias.

Em outras palavras, para muitos artistas, o trabalho de estúdio oferece o equilíbrio perfeito entre o que uma carreira musical proporciona. Traz a alegria e a emoção de criar música, tocar e colaborar, sem o compromisso de gerenciar os próprios projetos musicais ou a pressão para ter sucesso como artista com contrato.

Oferecer menos contribuição criativa também não significa que o trabalho de um músico de estúdio seja chato ou monótono. Pelo contrário, a função pode oferecer muita emoção, diversidade e oportunidades únicas de aprendizado, enriquecendo os artistas tanto profissionalmente quanto pessoalmente.

Uma coisa que geralmente não faz parte do pacote para músicos de estúdio é fama ou notoriedade. Como mencionado anteriormente, o trabalho deles ocorre principalmente nos bastidores, o que significa que operam principalmente nas sombras dos grandes nomes da indústria.

Como sempre, há exceções a essa regra, com artistas como Carol Kaye, Hal Blaine, Steve Gadd ou a E Street Band (sim, a principal banda de apoio de Bruce Springsteen), que se destacam como músicos de estúdio. Às vezes, os melhores músicos de estúdio obtêm mais sucesso e reconhecimento público.

Normalmente, seguir uma carreira na obscuridade não é um obstáculo para quem opta por um trabalho de estúdio — na verdade, permite que vivam a vida de músicos sem comprometer a própria privacidade ou a de seus entes queridos. No entanto, é importante que aqueles que consideram o trabalho de estúdio entendam que, na maioria das vezes, passarão despercebidos pela sociedade em geral e que compartilhar os holofotes e o reconhecimento com grandes estrelas é improvável. Se isso é algo que você deseja alcançar, uma carreira como músico de estúdio pode não ser a ideal.

Voltando aos nossos pontos sobre a falta de criatividade e reconhecimento público, gostaríamos de enfatizar que esses aspectos do trabalho (que podem ser desvantagens para alguns) não significam que os músicos de estúdio sejam menos competentes ou talentosos do que os artistas ou bandas contratados pelas músicas que os fãs amam e ouvem.

Na verdade, eles trazem habilidades e expertise que muitas vezes desempenham um papel essencial na definição da gravação final, seja tocando um breve solo de guitarra em uma única faixa, atuando como bateristas ou backing vocals em todo o disco, ou aprimorando o som geral da gravação. Independentemente do tamanho do projeto, o papel de um músico de estúdio pode ser incrivelmente diverso, e seu impacto, vasto. Estes são apenas exemplos dos principais aspectos de sua função, bem como das habilidades desejadas:

• Habilidades técnicas: Músicos de estúdio precisam demonstrar proficiência técnica excepcional nos instrumentos escolhidos (ou simplesmente na área de especialização escolhida).

• Flexibilidade de gênero: Muitas vezes, espera-se que músicos de estúdio troquem de gênero com a mesma facilidade e se destaquem em cada um deles. Sua capacidade de se adaptar a diferentes estilos, tons e direções criativas dentro dos gêneros é essencial.

• Interpretando conceitos e direções musicais: Fazer um bom trabalho como músico de estúdio não se resume a simplesmente executar o que lhe é pedido. A música é uma arte profundamente emocional, e apenas tocar ou cantar notas, ou criar batidas, não é suficiente. Um músico de estúdio precisa entender o tom emocional, a dinâmica e as nuances desejadas que uma determinada peça musical exige.

• Habilidades de colaboração: O trabalho de sessão envolve colaborar com alguém em seu projeto, o que geralmente exige fortes habilidades sociais, profissionalismo e trabalho em equipe.

• Adaptabilidade: Espera-se um alto nível de adaptabilidade de músicos de estúdio em diferentes áreas. Seja em relação a gêneros e estilos, avanços técnicos ou às tendências constantes da indústria musical, é absolutamente essencial que um músico de estúdio esteja pronto para encarar qualquer desafio.

• Retorno rápido: Costuma-se dizer que "tempo é dinheiro", e isso se aplica perfeitamente a um estúdio de gravação. O tempo de gravação é valioso e, portanto, é vital que seja utilizado da melhor maneira possível. Por isso, espera-se que os músicos de estúdio tenham fortes habilidades de gestão de tempo e busquem ser o mais precisos e eficientes possível.

• Qualidade consistente: Seja no estúdio ou no palco, os músicos de estúdio precisam oferecer uma performance consistente e de alta qualidade.

• Familiaridade com a tecnologia: Músicos de estúdio frequentemente precisam se manter atualizados com as últimas tecnologias e equipamentos de estúdio. Isso envolve trabalhar com um computador, estações de trabalho de áudio digital (DAWs) e o sistema de som, além de compreender diferentes técnicas de gravação e processamento de sinais.

É comum que músicos de estúdio tenham suas próprias carreiras solo ou empreendimentos musicais fora do trabalho de estúdio, mas escolham este último como sua renda principal, seja pelos motivos mencionados acima ou simplesmente porque paga melhor no caso deles.

Quando se trata de gerar receita suficiente para sobreviver, a indústria musical geralmente não é a área mais conveniente ou mais bem paga — especialmente para os criativos. No entanto, para alguns, o trabalho em estúdio parece uma área onde podem ter mais controle sobre seus ganhos.

Não nos leve a mal, ainda pode ser muito imprevisível, com projetos e clientes constantemente indo e vindo, mas isso vale para qualquer freelancer, independentemente da sua área. Com muito trabalho duro, uma abordagem proativa, adaptabilidade e habilidades de networking, é possível para músicos de estúdio construir uma série de oportunidades e clientes bastante consistentes que lhes permitam transformar isso em uma carreira lucrativa.

Falando em geração de receita, é importante analisar mais de perto todo o lado comercial do trabalho de estúdio. Normalmente, músicos de estúdio, assim como qualquer outro freelancer, são contratados independentes que transitam entre projetos que geralmente têm duração mais curta. Sua clientela potencial pode variar bastante, pois podem estar envolvidos diretamente com gravadoras, produtoras, artistas/bandas solo ou até mesmo agências de publicidade (para jingles) e outros estúdios comerciais.

Eles também podem ser contratados por meio de prestadores de serviços musicais, que são essencialmente intermediários que conectam músicos a clientes. Geralmente, isso ocorre em projetos e produções maiores e é mais comum em grandes cidades como Los Angeles, Nashville e Londres.

Talvez menos comum, mas ainda importante, seja o trabalho sindical, que tende a ser mais prevalente em certos setores da indústria musical, especialmente aqueles com orçamentos maiores e padrões formais de produção. Isso inclui trilhas sonoras para cinema e TV, trilhas sonoras de videogames, sessões de gravação de grandes gravadoras e projetos orquestrais ou clássicos. Por outro lado, o trabalho sindical é raro na música independente ou em projetos com orçamentos menores.

Uma área que vem se expandindo nos últimos anos e se tornando cada vez mais importante para músicos de estúdio é o trabalho remoto ou em estúdio online. Essa ideia envolve músicos de estúdio gravando faixas em seus estúdios caseiros e enviando os arquivos online. Geralmente, esse tipo de trabalho é apoiado por plataformas online focadas em trabalho freelancer, tanto dentro quanto fora da indústria musical, como Fiverr, SoundBetter e AirGigs.

Assim como o cliente ou "empregador" pode variar durante o trabalho em estúdio, os modelos de pagamento também variam. Mais comumente, os músicos de estúdio recebem um valor fixo por música, hora ou dia, dependendo do escopo do estúdio. Para projetos maiores ou de longo prazo, um modelo alternativo é o valor integral do projeto, que abrange várias faixas ou um álbum completo. Valores por hora ou por música são mais frequentes em projetos curtos e pontuais, enquanto valores baseados em projeto são normalmente utilizados quando um músico de estúdio está envolvido por várias semanas ou ao longo de uma produção completa.

No trabalho sindical, geralmente há escalas salariais definidas (ou pelo menos taxas mínimas, como as taxas AFM nos EUA) que podem incluir reutilização ou resíduos. Reutilizar significa que uma gravação é usada em um contexto ou formato diferente, e o músico contratado é pago novamente por esse uso. Enquanto isso, resíduos representam pagamentos contínuos por apresentações gravadas, pagos quando a música é transmitida repetidamente, a apresentação é vendida ou aparece em plataformas digitais como Netflix ou Amazon.

Os valores também podem variar bastante, dependendo da localização, do projeto, do tipo de contratação e das habilidades, expertise e experiência do artista. Geralmente, variam de US$ 50 a US$ 300 ou mais por música ou de US$ 25 a US$ 500 ou mais por hora. Músicos de estúdio experientes ou que trabalham em grandes centros musicais podem cobrar valores mais altos.

Nos EUA, músicos de estúdio têm direito legal a 5% dos royalties de rádio digital pagos por meio da Distribuição de Direitos de Propriedade Intelectual. Fora dos EUA, músicos de estúdio recebem direitos conexos sobre royalties de rádio. No entanto, não há leis universais que obriguem músicos de estúdio a receber royalties sobre as vendas ou transmissões das gravações em que atuam. É também por isso que eles geralmente não recebem royalties, a menos que negociem durante as discussões do projeto e que isso seja explicitamente acordado em um contrato.

De modo geral, músicos contratados podem negociar royalties de streaming ou vendas; no entanto, isso infelizmente ainda é relativamente incomum, especialmente no contexto de grandes gravadoras. É mais provável que ocorra em projetos e ambientes independentes, onde os artistas podem estar mais abertos a promover a justiça e o compartilhamento de receitas.

Como geralmente são contratados por encomenda, músicos de estúdio normalmente não detêm os direitos autorais de suas performances, a menos que haja negociação específica em contrário. Embora raro, eles podem negociar uma parcela dos direitos autorais de publicação se fizerem uma contribuição criativa significativa para uma obra musical, como compor. Embora geralmente tenham direitos autorais limitados sobre suas performances, ainda possuem certos direitos, incluindo o direito de serem creditados por sua performance ou o direito de se opor a tratamento depreciativo de sua performance.

O networking é essencial para a carreira de um músico de estúdio, especialmente nos estágios iniciais. Muitas vezes, oportunidades de trabalho e projetos de destaque surgem por meio do boca a boca ou de recomendações dentro de comunidades e cenários locais. Portanto, é importante participar ativamente da sua comunidade, ser proativo e trabalhar consistentemente para expandir sua rede de contatos.

Além do networking, é importante criar uma presença online. Trate o trabalho de sessão como qualquer outro serviço freelance e promova-o exaustivamente. Crie um site ou uma página de artista e mantenha-se ativo nas plataformas de mídia social que mais lhe convierem, para divulgar seu trabalho, sua experiência e suas habilidades.

Como todos sabemos, shows e projetos musicais podem, às vezes, ser agitados e pouco convencionais em termos de cronogramas e prazos. Portanto, é fundamental que você demonstre total disponibilidade e se adapte a quaisquer condições de agendamento em seus projetos.

Além disso, versatilidade e flexibilidade também são altamente valorizadas no trabalho de sessão, especialmente no início da sua jornada, e construir seu portfólio é fundamental. Nem todos os projetos — especialmente os menores ou de nível iniciante — podem ser interessantes ou intrigantes o suficiente, mas podem desempenhar um papel essencial no que diz respeito à sua experiência, às habilidades aprendidas ou aprimoradas, bem como à recompensa financeira.